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Tendinite Calcária

Atualizado: 16 de abr. de 2020

Dr. Antônio Rahal


     A articulação do ombro é uma das mais complexas e bem elaboradas do nosso corpo, permitindo movimentos em todas as direções, bem como movimentação rotacional completa anterior e posterior. Muitas são as condições que podem acometer esta articulação, sendo as tendinopatias, isto é, condições geralmente inflamatórias que envolvem os tendões, as principais. Dentro deste leque de tendinopatias, destacamos a Tendinite Calcária.


    Esta condição se deve ao acúmulo progressivo de depósitos de cálcio nos tendões do ombro. Estes tendões, em conjunto, constituem o chamado manguito rotador. São estes tendões o Supra-espinhal, Infra-espinhal, Subescapular. O tendão da cabeça longa do bíceps também é incluído na avaliação do manguito rotador.


    Uma pergunta frequente dos nossos pacientes é qual a causa do acúmulo destes cristais de cálcio em meio às fibras dos tendões? Resposta: Não há um fator causal único, tampouco definitivo. Entretanto, acredita-se, esteja esta deposição de cristais associada com o processo degenerativo tendíneo, ou mesmo associado a uma menor vascularização loco-regional. Ou seja, a ocorrência da formação de cristais de cálcio nos tendões deriva de uma predisposição individual.


    Outra questão frequentemente levantada por nossos clientes, é se há ou não associação desta condição clínica com a maior ou menor ingestão de cálcio? Resposta: As mulheres em tratamento ou prevenção de osteoporose, que façam reposição de cálcio, igualmente não terão, por conta desta suplementação, maior chance de evoluírem para uma Tendinite Calcária.


    Não há, igualmente, associação direta entre lesões pós-traumáticas dos tendões dos ombros com a deposição de elementos cálcicos tendíneos. A predisposição individual associada à degeneração é o principal fator.


    Quanto aos grupos mais acometidos estão as mulheres de meia idade, até 60 anos. Entretanto, homens e mulheres de outros grupos etários podem também apresentar esta condição.


    Não serão todos os pacientes que possuem calcificações tendíneas que terão sintomas articulares. A presença dos sintomas, geralmente álgicos exclusivamente, ou associação com limitação de movimento se deve ao grau de degeneração tendínea, à localização, número e tamanho das calcificações tendíneas.

PODEMOS, CLASSICAMENTE, DIVIDIR A PROGRESSÃO DESTA DOENÇA E 2 FASES, BEM DEFINIDAS:


FASE 1 ou FASE CRÔNICA DA DOENÇA:


- Formação dos depósitos de cálcio (hidroxiapatita) nos tendões, entre as fibras tendíneas. Nesta fase inicial, progressiva, forma-se um tecido fibrocartilaginoso que envolve o depósito cálcico, limitando a ação focal do sistema imune do corpo. Nesta fase, como existe tal barreira, o paciente é assintomático ou apresenta sintomas muito discretos, como dor de leve intensidade, por vezes confundindo o quadro com uma tendinite inicial, dor muscular ou mesmo uma bursite.


FASE 2 ou FASE AGUDA DA DOENÇA:  

 

- Nesta fase o cálcio que foi se acumulado entre as fibras tendíneas perde sua barreira, que antes o “protegia” do reconhecimento do sistema imune. Agora, reconhecido pelas defesas do organismo, começa a haver uma resposta inflamatória, geralmente bastante intensa. Esta reação inflamatória seria um esforço do organismo em reabsorver o cálcio, que é entendido como um corpo estranho. Porém, a inflamação local leva a dor intensa, progressiva e muitas vezes, incapacitante. Neste momento é que, geralmente, a doença é diagnosticada e o tratamento é indicado.

 

   O diagnóstico da Tendinite Calcária é, mais frequentemente, realizado por ultrassonografia, uma vez que muitos pacientes procuram o pronto-socorro para aliviar o quadro álgico. Outras vezes, os pacientes procuram especialistas como ortopedistas e radiologistas intervencionistas com expertise neste campo de atuação músculo-esquelético, sendo solicitados exames de imagem, a própria ultrassonografia, ou mesmo uma ressonância magnética.


Salientamos que, na grande maioria das vezes, a ultrassonografia é o exame de escolha para o diagnóstico. Além de diagnóstico, esse exame é utilizado para guiar a punção dos tendões, pelos especialistas, visando o tratamento da tendinite calcária e alívio precoce dos sintomas.


Uma vez diagnosticada a Tendinite Calcária, qual ou tratamento (ou tratamentos) indicado? Resposta:

1 ) Tratamento Conservador: No início dos sintomas da tendinite calcária, o tratamento deve ser conservador, ou seja, com analgésicos, anti-inflamatórios e uso tópico diário de gelo (compressas de gelo no foco da dor). Havendo melhora dos sintomas, o que pode ocorrer dentro de uma a duas semanas, pode-se iniciar fisioterapia. Até 80 % dos pacientes obtêm melhora acentuada dos sintomas apenas com estas medidas.

2) Para os 20 % restantes, a modalidade terapêutica mais realizada, e que se associa a sucesso terapêutico na grande maioria dos pacientes, é o procedimento de Barbotagem.

O procedimento de Barbotagem consiste na dissolução mecânica com lavagem das calcificações tendíneas, através da introdução de uma agulha no interior do tendão, sob orientação ultrassonográfica em tempo real. O direcionamento da agulha de barbotagem para as regiões de calcificações tendíneas ocorre com máxima precisão, através da orientação com ultrassonografia, sendo utilizados transdutores de alta frequência, destinados ao estudo de regiões superficiais, como é o caso das articulações.

Uma das grandes vantagens do procedimento de Barbotagem é que, além de altamente eficaz, com cerca de 80 % de resposta ótima, pode ser realizado ambiente ambulatorial (consultório médico / clinicas / hospital-dia), sem necessidade de internação, com anestesia local, sendo bem tolerado e rápido. É uma excelente opção de tratamento a ser considerado quando as medidas iniciais não surtem efeito.


3) Para o reduzido grupo de pacientes que não respondem, de modo eficaz, nem à terapia conservadora, nem ao procedimento de Barbotagem, ambos descritos acima, o que corresponde a menos de 5 % dos casos, opções como tratamento por ondas de choque ou tratamento cirúrgico poderão ser indicados. A decisão terapêutica será sempre selecionada caso a caso, respeitando as individualidades clínicas e pessoais de cada paciente.


O corpo clínico do Instituto Holos Vida possui conhecimento atualizado e detalhado sobre esta condição, bem como sobre as melhores abordagens terapêuticas, caso a caso.

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